OK, pelo o que eu entendi você entende que existe um problema no modelo da família nuclear como padrão.
Mas qual esse problema? Na verdade são vários! O primeiro é que essas famílias são tratadas como um "ideal". O que leva famílias que não se encaixam nesse padrão a serem desprezadas. Segundo, esse modelo prioriza relações heterossexuais, centradas na figura do pai e em filhos consanguíneos que sempre herdam o sobrenome paterno. Como consequência disso famílias formadas por vínculos não-românticos, não-monogâmicos, não-heterossexuais envolvendo indivíduos sem relação consanguínea sofre discriminação, em caso de pais solteiros mães solos são mais julgadas que pais solos, familias sem homens adultos entre seus membros são vistas como mais vulneráveis. Além disso, por questões tradicionais, uma sacralidade é atribuída ao vínculo de sangue entre pais e filhos. Ao ponto em isso perpetue relacionamentos abusivos, ignorando que o bem-estar de civis, especialmente crianças, é de interesse da sociedade. Não é um assunto privado de uma família, pois pessoas não são propriedades sobre as quais alguém têm autoridade, mas indivíduos com direitos e deveres independentes de qualquer coisa. O último problema diz respeito a esfera jurídica, burocrática realmente, a definição de família limitada priva algumas pessoas do acesso ao seus direitos.
Agora, a realidade difere muito da prática, muitos dos lares, o que não é de hoje, são compostos por mulheres sem companheiro e suas famílias bem como seus filhos. Atualmente é bastante comum que uma pessoa tenha mais de um relacionamento estável ao longo de sua vida, e gere mais de uma criança. Pessoalmente, como uma pessoa que foi criada apenas pela mãe, não sinto nem jamais senti falta de uma figura paterna. Acredito que essa não seja uma necessidade biológica, mas uma insegurança criada pelas expectativas da sociedade, situações como o Dia dos Pais na escola, Dia das Mães etc. As crianças necessitam de figuras parentais, mas elas não necessitam ser necessariamente seu pai ou mãe – Do contrário crianças criadas por casais homossexuais de modo geral sofreriam de algum tipo de carência. No entanto, é visível, que uma criança tenha contato com pessoas de todos os tipos, homens e mulheres, para que ela humanidade seus semelhantes. Para que ela os enxergue como indivíduos como ela.
Outros exemplos de família não-nuclear é aquela em que os avós cuidam das crianças, ou aquela em que irmãos cuidam uns dos outros. Lembrando, não se trata apenas de normalizar a existem de núcleos famílias que não sejam patriarcais, heterossexuais, baseados no laço de sangue mas acabar com a normalização de dinâmicas abusivas em famílias nucleares, em famílias com casais homossexuais, em famílias com mais d e um núcleo familiar etc.
A obrigação do estado ou da sociedade – dependendo da linha ideológica – é garantir que direitos humanos não sejam violados, garantir cumprimento de responsabilidades e deveres.
Como desconstruir as consequências da dominância de modelo e normalizar novos valores de tolerância e diversidade?
As condições materiais envolveriam combate ao desemprego, subemprego, precarização das condições de trabalho e socialização do trabalho doméstico, universalização do ensino, moradia acessível, diminuir o custo de vida e aumentar o poder de compra – Pode não parecer, mas isso é importante, porque existe muita gente que só se mantém como parte de uma família porque não têm condições de sobreviver por conta própria.
Uma nova legislação mais inclusiva. Normalização através de obras que retratem outros modelos familiares.
Lembrando, a existência de famílias nucleares não é um problema, existem famílias nucleares que não reproduzem todas essas dinâmicas que eu comentei, que são até muito saudáveis. Assim como existem famílias não nucleares super problemáticas.